Alternativa

Etanol pode ser uma opção mais rentável em Pelotas

Preço dos combustíveis varia de acordo com a estratégia comercial dos postos e com o consumo próprio dos veículos

Foto: Jô Folha - DP - Nas bombas de Pelotas, o custo/benefício do etanol ainda é um pouco menor do que o da gasolina

Por Heitor Araujo
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Com o reajuste do ICMS sobre os combustíveis, o etanol tornou-se mais vantajoso em 12 estados brasileiros. No entanto, sem produção no Rio Grande do Sul, ele continua como uma opção pouco aproveitada pelos motoristas. A estimativa é de que nem 5% das vendas nas bombas dos postos gaúchos seja do popularmente chamado álcool.

Existe uma base de cálculo, de conhecimento popular, de que, para ser rentável ao consumidor, o preço do etanol deve ser de até 70% ao da gasolina; no entanto, dependendo do veículo, esse índice pode subir a 75%.

Nas bombas de Pelotas, pelo cálculo mais difundido, o custo/benefício do etanol ainda é um pouco menor do que o da gasolina, mesmo com o aumento de aproximadamente R$ 0,20 no preço do litro do combustível derivado de petróleo neste mês de fevereiro, com o reajuste do ICMS.

No entanto, levando-se em consideração a ideia de que o etanol é mais rentável no caso de o preço ser de até 75% o da gasolina, ele pode ser o combustível com melhor custo/benefício no Município. Em um posto bastante movimentado no Centro, o etanol está a R$ 4,19 o litro, enquanto o da gasolina está R$ 5,89.

Em outro posto, o litro do etanol está em R$ 3,99, o que já o torna mais recomendável ao bolso do consumidor, levando em consideração a promoção por aplicativos próprios de alguns postos, que baixa o litro da gasolina a R$ 5,69, este preço do etanol continua como o mais recomendável, mesmo com a base de cálculo de 70% do valor da gasolina.

Essa variação do preço do etanol, de acordo com João Carlos Dal'Aqua, presidente do Sulpetro, sindicato que reúne os varejistas de combustíveis no Estado, existe pelas diferenças de estratégia comercial dos postos de gasolina. Segundo ele, o etanol pode tornar-se uma solução interessante no Estado - apesar de não ser comum no dia a dia dos gaúchos -, desde que existam políticas públicas que estimulem a produção e o consumo. "Há motoristas que são ressabiados com o álcool, porque, dependendo do veículo, ele consome muito mais, mas também há apaixonados por este combustível", podera. "É um produto muito bom, renovável, mas a gente sofre aqui no Estado por não ter esse fornecimento. É um mercado que tende a melhorar, porque temos um potencial enorme para biocombustíveis no país, mas precisa ter políticas perenes", acrescenta.

E o consumidor?

Com o táxi estacionado ao lado da bomba, o motorista Carlos Augusto do Carmo, 62 anos, há um mês optou pela alteração no combustível, da gasolina para o etanol. "O carro estava 'grilando', passei a abastecer com o etanol e solucionou o problema", afirma. Segundo ele, que gasta R$ 70 por dia no posto, o consumo manteve-se quase parelho: de 12 por litro na gasolina para 11,3 por litro com o etanol.

É comum a indicação de mecânicos o uso do etanol, mesmo que esporádico, para realizar esta limpeza no motor dos veículos. Esta é a rotina do militar Orlando Nogueira, 59 anos. Uma vez por mês, ele coloca R$ 50 de etanol e sai para rodar com o carro, conforme aconselhado por um profissional. "Mas, no dia a dia, abasteço com a gasolina porque é mais em conta", revela.

Explicação

A variação dos preços da gasolina, apesar de depender de diversos fatores, pode ser mais previsível ao consumidor, de acordo com o presidente da Sulpetro. Isso porque o reajuste do combustível é anunciado com antecedência pela Petrobras, enquanto a oscilação do etanol é definida pelas usinas (existem 270 no país) sem publicização. O etanol, inclusive, interfere no preço da própria gasolina, porque é determinado por lei o uso de 27% dele na composição do combustível derivado do petróleo. Dependendo de estratégias de cada estabelecimento, o etanol pode ser uma opção melhor para o consumidor em determinado período, apesar de, historicamente, a gasolina ser mais vantajosa no Rio Grande do Sul.

Combustível renovável

De acordo com o professor de Ecologia da Universidade Federal de Rio Grande (Furg), Marcelo Dutra, o uso do etanol como combustível traz benefícios em diferentes aspectos. No entanto, por exigir maior área de produção, pode ser problemático se a matéria-prima for cultuada em áreas degradadas.

Comumente associado à cana-de-açúcar, a principal matéria-prima, o etanol pode ser produzido a partir de outras culturas, como o milho, a aveia, o arroz, a cevada, o trigo e o sorgo. Dutra cita que 99% do etanol gaúcho é importado de outros estados, mas que com a construção de uma usina em Passo Fundo, cuja matéria-prima será o trigo, a previsão é de suprir em 23% essa demanda até 2025.

Por ser um combustível renovável e que não é fóssil, o etanol tem a vantagem de ser sustentável, limpo e promotor da economia verde, segundo Dutra. "É uma fonte energética viável e necessária, que é importante dentro de um contexto de fontes alternativas e também limpas, como solar e principalmente a eólica. Afinal, a sustentabilidade energética se sustenta na diversidade das fontes", diz.

"Vejo como um grande potencial nosso (no Estado), mas é importante estarmos atentos para a necessidade de ocuparmos mais e mais áreas (talvez novas fronteiras) e continuar garantindo que estes grãos não faltarão na produção de alimentos, que é onde são mais necessários", pondera.


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